IV Congresso de Educação
Profissional e Tecnológica – CONEPT. Araraquara - Setembro de 2018
Inclusão escolar da pessoa com deficiência e a
questão da acessibilidade e da universalização: um mosaico de perspectivas e
concepções a partir do estado da arte.
SEBASTIÃO RAIMUNDO CAMPOS1
1Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de São Paulo - IFSP – Campus São José dos Campos. srcampos@ifsp.edu.br
Resumo: Este artigo tem por objetivo verificar as concepções
acerca da inclusão em uma escola técnica do Vale do Paraíba paulista e a
acessibilidade no lócus para a pessoa com deficiência, partindo do pressuposto
de se tratar de uma construção coletiva.
Apresenta
resultados parciais que permearam as discussões de uma dissertação de Mestrado
em Educação, em andamento, na área da inclusão e da diversidade sociocultural,
enfatizando as ações realizadas pela instituição em relação à acessibilidade. Para
tanto, considerou-se como adequado a utilização de pesquisa legal, documental
institucional e de referencial teórico-interdisciplinar relativas à educação
inclusiva, à acessibilidade e à questão da
universalização. As ações implementadas pela instituição contribuíram
para a melhoria do processo inclusivo, em especial quanto à quebra de barreiras
arquitetônicas. Visando à qualidade de vida de toda a comunidade escolar elas
podem ser aprimoradas com a adoção dos princípios da universalização.
Palavras–chave: Acessibilidade. Inclusão. Deficiência.
Universalização
Linha Temática: Ações inclusivas
INTRODUÇÃO
Na
busca da definição do que seria inclusão,
uma metáfora que poderia ser usada sobre esta questão seria considerar cada ser
humano como um dos ingredientes de uma grande receita culinária chamada
sociedade, cada qual com sua especificidade e sabor sem o que o resultado final
não seria o esperado, nem mesmo o melhor, pois faltaria sempre um de seus
elementos e o tempero essencial: a diversidade. Incluir seria então contemplar
todos, sem distinção de qualquer natureza, mas sobretudo valorizando as
diferenças inerentes a cada um.
Segundo
Ferreira (2014), incluir significa abranger,
compreender, conter; envolver,
implicar; pôr ou estar dentro; inserir num ou fazer parte de um grupo.Inclusão,
para Mantoan (2005), é a capacidade que
temos de entender e reconhecer o outro e, deste modo, o privilégio da convivência
com pessoas diferentes de nós. Para esta
autora, a educação inclusiva acolhe a todas as pessoas, sem qualquer exceção.
Feitas
tais considerações sobre o significado da inclusão a partir de sua etimologia e
natureza, faz-se necessário enfatizar que o enfoque do presente trabalho
volta-se ao âmbito escolar, e delimita-se ao aspecto de acessibilidade. A
inclusão, construída em espaços escolares, deve ser entendida como um processo
em construção, dotado de complexidade tal que, ao incluir as pessoas com
deficiência, promova a quebra de barreiras atitudinais. Fortemente associada
aos valores morais da sociedade, deve prestigiar comportamentos como respeito
ao próximo e a aceitação do diferente. Por certo, o estudo em questão, também
diz respeito à eliminação de barreiras arquitetônicas. Há um peso relevante dado
à deficiência a partir de pré-conceitos sociais, na maioria das vezes
equivocados e até mesmo injustos. Para que se promova a inclusão, é preciso
antes que tais juízos sejam devidamente identificados para que possam ser
trabalhados, visando minimizar os efeitos da naturalização da indiferença e da
discriminação.
Várias contribuições
são apresentadas em relação à construção social da deficiência sendo relatada
em Diniz (2012), quando afirma que o corpo com deficiência somente se delineia
quando contrastado com uma representação do que seria o corpo sem deficiência.
Para Lima, Ribeiro e Valiengo (2012), a forma como são idealizadas as crianças
determina como agimos em relação a elas e, consequentemente, a sua infância.
Goffman (1988), por seu turno, define estigma como a demarcação dos corpos por
sinais que antecipam papéis a serem exercidos pelos indivíduos, tendo como consequências
como barreiras sociais, atitudinais e institucionais, que ultrapassam as
fronteiras do corpo. Este autor sugere ainda que os estigmas são uma dentre as
causas que desencadeiam a exclusão social.
METODOLOGIA e
JUSTIFICATIVA
A metodologia utilizada neste artigo
se refere à compilação das informações utilizadas na pesquisa de Revisão de
Literatura relacionada à inclusão, acessibilidade e desenho universal. A
extração de referenciais bibliográficos foram obtidas a partir de levantamento
realizado no portal Google Acadêmico, de modo a fundamentar e enriquecer esta
reflexão visando a uma postura auto-crítica
reflexiva.
Selecionando-se os conectivos
“inclusão escolar”, “pessoa com deficiência’, “acessibilidade” e “escola
técnica”, em período a partir do ano de 2014 no portal Google Acadêmico foram
localizados 115 resultados. Destes, pode-se destacar que em torno de 30% se
referem à acessibilidade e à inclusão escolar de estudantes com
deficiência, em artigos sobre avaliação da acessibilidade das instalações de
escolas, acessibilidade cultural, biblioteconomia, direito à educação,
acessibilidade comunicacional inclusão de alunos sob a perspectiva de
professores, de alunos, representações sociais de professores práticas de apoio
e técnicas. Outros 20% se referem a questão social da inclusão, a questões de
direito e de políticas públicas relativas ao protagonismo do alunado, BPC,
participação e inclusão social dos jovens, trabalho e cidadania, direitos
humanos, exercício advocatício, legislações correlatas como por exemplo a Lei
13146 de 2015. E uma outra parte se pulverizou em torno da formação continuada
de professores, educação ambiental, mobilidade urbana, aspectos culturais como
citações a museus. Verificou-se ainda
vários artigos com dedicação ao tema específico das tecnologias assistivas e a
questão da reabilitação fisioterapêutica.
Como observado nesta pesquisa, a
questão da acessibilidade e da inclusão em escolas técnicas não é um tema de
ocorrências significativas nas publicações analisadas. Daí decorreu o interesse
por esta lacuna e, consequentemente, a proposta de sua discussão. Nas mais relevantes
publicações verificadas Cambiaghi (2007) discorre sobre desenho universal
abordando aspectos técnicos e normativos para arquitetos e urbanistas e uma
vasta legislação sobre acessibilidade. Sassaki (2009), por sua vez, aborda a
acessibilidade nos âmbitos do lazer, do trabalho e da educação, incluindo
também conceitos sobre a inclusão, histórico e legislação e define as dimensões
da acessibilidade. Choas e Bezerra (2016) discutem a relevância do espaço
arquitetônico como facilitador do processo de ensino e aprendizagem, utilizando
pesquisa bibliográfica das áreas da arquitetura e da pedagogia. O estudo realizado
por estes autores demonstrou que existem recorrências apontando os campos
disciplinares do conforto ambiental, ergonomia e psicologia ambiental, que
foram objeto de investigação conceitual quanto aos impactos positivos e
negativos de cada atributo, dos seus campos disciplinares nos espaços
escolares. Apresentam como resultado um Quadro de Referência de atributos, suas
possibilidades de espacialização e a relevância para o ensino e aprendizagem, reforçando
a premissa que o espaço arquitetônico pode colaborar para um melhor desempenho
das funções de ensino e aprendizagem avançando na definição de atributos
espaciais para atender a elaboração de projetos arquitetônicos.
A fundamentação metodológica desta
pesquisa coaduna com Carvalho (2005) segundo a qual a importância da função da
produção sistemática de estudos e pesquisas com análise científica dos dados é
reforçada, ao indicar a necessidade de produzir pesquisas com metodologia
adequada, análise bibliográfica, coletando e analisando dados, de modo
sistemático e rigoroso.
As instituições de
educação devem se preparar melhor para atender a todos os estudantes, incluindo
as pessoas com deficiência. Antes do ingresso e não somente após a matrícula,
deve ser verificada esta necessidade e realizadas as devidas implementações
quanto à acessibilidade.
A justificativa do
trabalho decorre da importância da universalização das instalações prediais
visando à supressão das barreiras físicas que impedem o livre acesso das
pessoas com deficiência, idosos, propiciando por vezes situações de riscos de
acidentes. Podem ser evitados com simples ações como se vê a partir da
eliminação das barreiras atitudinais, que promovam uma cultura escolar inclusiva.
Deste modo, o que se pretende dizer é que antes de se promover a
inclusão escolar, e para sua efetividade, mediante a supressão de barreiras
físicas é preciso que sejam compreendidos conceitos sobre a deficiência e
ultrapassadas as barreiras atitudinais. Enfim: conhecer, sensibilizar e
conscientizar-se para uma ação inclusiva.
UNIVERSALIZAÇÃO E O
CONCEITO DE ACESSIBILIDADE
Acessibilidade é um conceito
fundamentado na prática de respeito à limitação da pessoa com deficiência, que
visa suprimir todo e qualquer obstáculo que possa ser impeditivo à locomoção ou
à fruição comodidades básicas que todos deveriam ter acesso diariamente sem
encontrar dificuldades ergonômicas ou até mesmo riscos de acidentes, como usar
telefone público, passear pelas calçadas ainda que com cadeiras de rodas,
dentre outros exemplos. E é, antes de mais nada, uma forma de inclusão social
dando oportunidade a qualquer indivíduo de exercer a sua escolha individual e,
portanto, uma abordagem centrada na “pessoa” e nas suas condições e capacidades
físicas, sociais e econômicas.
De acordo com o Decreto nº 5.296, de
02 de fevereiro de 2004, acessibilidade relaciona-se à condição para
utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços,
mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte
e dos dispositivos, sistemas e meios de
comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Barreiras, por sua vez, são definidas por este Decreto como qualquer
entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a
circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou
terem acesso à informação.
As Normas Técnicas Brasileiras de
Acessibilidade (ABNT/NBR – 9050/2004), definem acessibilidade como a
possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização
com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento
urbano e elementos. Deste modo, todos os espaços, edificações, mobiliário e equipamentos
urbanos existentes e os que vierem a ser projetados, construídos,
montados ou implantados,
assim com as reformas, ampliações
de edificações e
equipamentos urbanos, devem se configurar para atender ao disposto na referida Norma.
Sobre o sentido da inclusão, associado
à mobilidade “é bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas e a sociedade
buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a
equiparação de oportunidades a todos” (SASSAKI, 2006, p.7). Este mesmo autor em
2011 ainda relata a existência das seguintes barreiras excludentes, conforme
designadas na tabela 01 abaixo:
Tabela 1:
Representações de barreiras excludentes
Barreiras
excludentes
|
Características
/ Impeditivos
|
Arquitetônica
|
Não permite a acessibilidade
da pessoa com dificuldade de locomoção
|
Comunicacional
|
A linguagem verbal ou visual
utilizada não alcança todas as pessoas
|
Atitudinal
|
Atitude preconceituosa
|
Metodológica
|
Métodos de ensino, trabalho e
lazer homogêneos
|
Instrumental
|
Instrumentos utilizados
para trabalhar, brincar que não
atendem as limitações
|
Programática
|
Leis, portarias, regulamentos
e políticas
|
Fonte: Autor da pesquisa
A acessibilidade é
literalmente a porta de passagem para a inclusão, em especial para a mobilidade
da pessoa com deficiência física, quanto às barreiras arquitetônicas.
À dimensão da acessibilidade
atitudinal importa dizer sobre a realização de atividades de sensibilização e
conscientização, promovidas na instituição, com o intuito de eliminar
preconceitos e comportamentos discriminatórios no ambiente escolar para a
melhora da auto-estima dos alunos podem contribuir para um melhor rendimento e
um sentir-se em casa.
Na dimensão da
acessibilidade arquitetônica, diversas situações podem ser óbices à mobilidade.
A Resolução CNE/CEB nº 2, de 11/9/01, a Lei da Acessibilidade Lei nº
10.098/2000 e o Plano Nacional de Educação, Lei nº 10.172/2001, dispõem que os
sistemas de ensino devem assegurar a acessibilidade aos alunos que apresentem
necessidades educacionais especiais, mediante a eliminação de barreiras
arquitetônicas urbanísticas, na edificação – incluindo instalações,
equipamentos e mobiliário e nos transportes escolares, no que tange à acessibilidade
arquitetônica.
O que se pretende neste estudo é revelar uma outra concepção: a de que
para incluir alguns sujeitos corre-se o risco de excluir outros. Por isso,
propõe-se elucidar a questão da universalização, um conceito mais abrangente de
acessibilidade em comparação com os demais, como se vê a seguir. E, desta
forma, são sobrestadas situações de desconforto para todos e que poderia causar
conflitos indesejados numa sociedade pautada pela equanimidade.
DESENHO UNIVERSAL
De acordo com Cambiaghi (2007), em
estudo sobre desenho universal, as origens da universalização datam do período
posterior à Revolução Industrial, a partir de questionamentos acerca da
massificação dos processos produtivos, em relação à criação de ambientes que
não necessariamente atendam as necessidades reais do usuário final. No Brasil,
a Lei Municipal 14.675/08 da Câmara Municipal da Cidade de São Paulo dispõe
sobre o desenho universal.
Desta forma, a universalização se
refere a um processo segundo qual se criam produtos que sejam acessíveis para
todas as pessoas, independentemente de suas características pessoais, idade, ou
habilidades, para que qualquer ambiente ou produto possa ser alcançado,
manipulado. Não se trata de uma tecnologia direcionada apenas aos que dele
necessitam em função de suas especificidades, mas direcionado para todos os
usuários, para um uso coletivo, e a qualquer tempo. Há, pois, real
possibilidade de mudanças de situações no decorrer da vida em que pessoas
normais sofram acidentes, envelheçam ou adoeçam e, deste modo, alguns
equipamentos convencionais não possam ser mais utilizados com facilidade como
em situações anteriores.
Cambiaghi (2007) discorre ainda que
a terminologia desenho universal surgiu na década de 90 através de um
cadeirante com respirador artificial, que vislumbrou o surgimento da percepção
da necessidade de tornar as coisas criadas utilizáveis por todos. Esta autora ainda
afirma que a partir de então é que foram estabelecidos sete princípios do
desenho universal, como conceitos adotados para qualquer programa de
acessibilidade plena, com as características designadas abaixo na tabela 02:
Tabela 2:
Princípios do desenho universal
PRINCÍPIOS
DO DESENHO UNIVERSAL
|
DESCRIÇÃO
|
IGUALITÁRIO
|
Espaços, objetos e produtos
que podem ser utilizados por pessoas com diferentes capacidades, tornando os
ambientes iguais para todos. Ex: Portas com sensores que se abrem sem exigir
força física ou alcance das mãos de usuários de alturas variadas;
|
ADAPTÁVEL
|
Design de produtos ou espaços
que atendem pessoas com diferentes
habilidades e diversas
preferências, sendo adaptáveis para qualquer uso. Ex: - Computador com
teclado e mouse ou com programa do tipo”Dosvox”; - Tesoura que se adapta a
destros e canhotos;
|
ÓBVIO
|
De fácil entendimento para que
uma pessoa possa compreender, independente de sua experiência, conhecimento,
habilidades de linguagem, ou nível de concentração. Ex:Sanitário feminino e para pessoas com deficiência
|
CONHECIDO
|
Quando a informação
necessária é transmitida de forma a atender as necessidades do receptador,
seja ela uma pessoa estrangeira, com dificuldade de visão ou audição. Ex:
Utilizar diferentes maneiras de comunicação, tais como símbolos e letras em
relevo, braille e sinalização auditiva
|
SEGURO
|
Previsto para minimizar os
riscos e possíveis conseqüências de ações acidentais ou não intencionais.Ex:
Elevadores com sensores em diversas alturas que permitam às pessoas entrarem
sem riscos de a porta ser fechada no meio do procedimento e escadas e rampas
com corrimão
|
SEM
ESFORÇO
|
Para ser usado
eficientemente, com conforto e com o mínimo de fadiga. Ex:Torneiras de sensor
ou do tipo alavanca, que minimizam o esforço e torção das mãos para
acioná-las;
|
ABRANGENTE
|
Estabelece dimensões e
espaços apropriados para o acesso, o alcance, a manipulação e o uso,
independentemente do tamanho do corpo, da postura ou mobilidade do usuário.
Ex:- Poltronas para obesos em cinemas e teatros, - Banheiros com dimensões
adequadas para pessoas em cadeira de rodas ou as que estão com bebês em seus
carrinhos.
|
Fonte: Autor da Pesquisa
RESULTADOS
Os resultados
apresentados se baseiam em pesquisa visual e documental realizadas na
instituição pelo pesquisador no ano de 2017, em atuação como membro do Núcleo
de Apoio às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas - NAPNE.
Em relação às ações
de inclusão escolar e acessibilidade, em pesquisa realizada na instituição,
verificou-se que a infra-estrutura contempla 01 banheiro adaptado (masculino);
01 bebedouro adaptado para cadeirantes; 02 vagas de estacionamento para
cadeirantes e/ou idosos; Sinalização em Braille nas portas das salas; Piso
tátil para acesso às salas. Quanto aos Recursos humanos, a escola dispõe de 01
Tradutor Intérprete de Libras e 01 Professor de Libras e de 05 servidores que
já passaram ou estão passando por treinamento sobre Libras, e 02 servidores que
já passaram por treinamento sobre Braille. O NAPNE tem o propósito de
implementar ações inclusivas, contribuindo para a reflexão sobre a prática da
inclusão, a aceitação da diversidade, com o objetivo de romper as barreiras
arquitetônicas, educacionais e atitudinais. A ação realizada pelo NAPNE, no
Câmpus, tem sido implementada através de projetos para aquisição de material
como piso tátil, placa de piso para sinalizar o espaço para cadeirante, placas
em acrílico em Braille para sinalização das portas, painéis em Libras, cadeiras
para cadeirantes e livros de Braille. Também tem sido divulgado em murais,
e-mails e sites as datas comemorativas de eventos ligados ao NAPNE. A instituição
convida palestrantes reunindo no auditório toda comunidade acadêmica para terem
informação e conhecimento sobre alguns temas voltados a inclusão, aos tipos de
deficiências, órgãos que trabalham com as deficiências.
Não se observou que houvesse uma preparação ou
protocolo para se receber pessoas com deficiência no campus. No caso de um
aluno ou visitante cego, o funcionário presente na portaria o acompanharia até
o local pretendido ou seria acionado algum servidor, preferencialmente dos
setores educacionais para ir até o local atendê-lo. No campus existem placas de
identificação em Braille e piso tátil, que auxiliariam no deslocamento,
sobretudo após ambientação e convivência com a comunidade interna da
instituição. Em relação ao aluno ou visitante surdo,
o funcionário presente na portaria acionaria o intérprete de Libras ou,
na sua ausência, o professor da área.
CONCLUSÕES
Embora haja
legislação para disciplinar a questão da inclusão é preciso uma postura atuante
de toda a sociedade, para sua real efetivação. As políticas públicas devem ser
permanentes e, a partir do pressuposto de que todos são cidadãos, contribuintes
ou não, devem incutir em todos os direitos das pessoas com deficiência à
participação na sociedade, sua inclusão, atentando-se para a questão da empatia
para se chegar à alteridade. Com o tempo, as relações estabelecidas entre
alunos e entre alunos e servidores acabam construindo formas de comunicação, de
modo que as pessoas vão se adaptando, conhecendo as características e as
necessidades do outro e, assim, aprendendo coletivamente. É muito importante oferecer alternativas de
reflexão de como se identificar o problema, para aí então buscar alternativas.
A responsabilidade pela inclusão é de todos, e as barreiras devem ser
identificadas para serem enfrentadas. As resistências em relação à educação
inclusiva devem ser removidas e sua superação implica compreender suas origens
e trabalhar sobre e a partir delas. A escola pesquisada apresenta vários
equipamentos indispensáveis à inclusão escolar, e importantes para a
acessibilidade. Mas há muito ainda que ser feito para que se constitua, de
fato, uma instituição inclusiva, pois as ações visam à acessibilidade e não à
universalização.
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