sexta-feira, 16 de agosto de 2019






AS CONCEPÇÕES DA INCLUSÃO ESCOLAR DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA EM UMA ESCOLA TÉCNICA DO VALE DO PARAÍBA

Sebastião Raimundo Campos*
Profª Dra Marilza Terezinha Soares de Souza


RESUMO

            Este estudo objetiva identificar as concepções da inclusão da pessoa com deficiência a partir da ótica dos alunos com deficiência em uma escola técnica do Vale do Paraíba paulista, de seus familiares e de professores da instituição. Para tanto, utilizar-se-á referencial teórico interdisciplinar referente ao percurso sócio-histórico da educação inclusiva, a perspectiva da inclusão e o seu fazer pedagógico, e a visão da comunidade escolar. Propõe-se que a inclusão esteja imbricada com o ensino profissionalizante e intenciona-se que o estudo realizado se dê através de uma pesquisa exploratória interpretativa, com abordagem qualitativa. Como procedimento metodológico, serão utilizados roteiros de entrevistas através dos quais se buscará identificar as crenças, atitudes e os valores dos sujeitos da amostra sobre o objetivo da pesquisa: inclusão escolar da pessoa com deficiência, levando em consideração a justaposição de dados sócio-demográficos dos participantes da pesquisa. Ao final da pesquisa espera-se compreender as concepções da inclusão escolar da pessoa com deficiência na perspectiva dos entrevistados e entender comopodem possibilitar a mediação para a construção de propostas de melhorias deste processo. 

Palavras-chave: Inclusão Escolar. Concepções. Deficiência. Família. Ensino Profissionalizante.

1 INTRODUÇÃO

            Este trabalho aborda a questão da inclusão escolar da pessoa com deficiência em uma escola técnica. Esses alunos, seus familiares e seus professores vivem o dia a dia da inclusão escolar e, diante das situações que se apresentam neste convívio, quais são as concepções sobre a inclusão escolar para cada um deles, quais desafios buscam superar ou já superaram, e quais perspectivas vislumbram ou não?
O desenvolvimento do tema inclusão escolar da pessoa com deficiência releva-se pelo interesse em conhecer com maior profundidade o que pensam alguns dos membros da comunidade escolar em um lócus específico e no âmbito do ensino profissionalizante, na averiguação das ações realizadas e no confronto com as concepções dos alunos com deficiência, seus familiares e professores.
A inclusão escolar se torna importante elemento para a efetiva participação na sociedade, como membros ativos e autonomia. Seu caráter social se dá em função da profissionalização na área técnica, colaborando para concatenar este processo por meio da escolarização voltada para a capacitação profissional e na oferta de condições essenciais à inclusão de indivíduos qualificadosno mercado de trabalho. Trata-se, pois de um desafio e tende a enriquecer os atores envolvidos no processo ao promover a quebra das barreiras no caminho rumo à inclusão e o compartilhamento de cada uma das percepções e experiências, culminando com a proposição de uma cultura escolar inclusiva e de uma sociedade também inclusiva. 
Na minha experiência de observação pessoal, a inclusão escolar da pessoa com deficiência não ocorre da melhor forma porque as instituições não conseguem atender de fato às recomendações legais. Por isso, pretende-se investigar por meio da opinião dos atores envolvidos diretamente no processo de inclusão escolar, alternativas para modificar esta situação. Além disso, e sobretudo por isso, uma de minhas filhas, agora fora da idade escolar, apresenta comportamento autista e a realização desta pesquisa é uma forma de eu buscar meios para a compreensão de algumas de suas necessidades para que possa atingir seu pleno desenvolvimento potencial.
A finalidade deste estudo é analisar as concepções dos alunos com deficiência, professores e as famílias sobre a inclusão escolar numa escola técnica do vale do Paraíba. E, complementarmente, visa analisar quais ações podem ser propostas para que ocorra a melhoria da inclusão, a partir das ações do núcleo de atendimento às pessoas com necessidades educacionais específicas - NAPNE, nos aspectos em que se verificou esta necessidade.
Intenta-se realizar este trabalho, através de pesquisas de campo que consistem em entrevistas aplicadas aos participantes da pesquisa exploratória e qualitativa, cujos resultados serão operados através da análise de conteúdo (Bardin, 2009).  A pesquisa será realizada em uma escola técnica situada no Vale do Paraíba paulista, com 05 estudantes com deficiência, seu núcleo familiar e 05 professores. Buscar-se-á ainda analisar as ações realizadas pela instituição pesquisada em relação à inclusão escolar, e feitas pesquisas de documentos, revisão literária acerca da deficiência, da inclusão escolar e do ensino profissionalizante.

2 INCLUSÃO ESCOLAR DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Inclusão escolar não se refere somente a questão de se fazer incluir pessoas com deficiências quaisquer em uma sala de aula para a apreensão de conteúdos. A pessoa que se matricula em uma instituição, o faz com um objetivo de vida, e, possuindo suas especificidades, precisa ser respeitada. Incluir, de fato, é considerar, relevar as pessoas em toda e qualquer situação, sem preconceitos e provendo meios para que não haja quaisquer desrespeitos afetos a desigualdades, e seja promovida sua integração.
Quando são ouvidas as histórias de vida das pessoas, depara-se com o relato de muitas dificuldades e, muitas vezes, quando está implicada a pessoa com deficiência ou a que sofreu qualquer tipo de desrespeito, a tendência é a de maior espanto causar, pois aí é que se apercebe o que seria de fato discriminação, em função da potencialização da problemática. Histórias dramáticas compostas por muitas tristezas, frustrações, violências de toda ordem nas mais corriqueiras situações que seriam banais e inimagináveis que se encontrariam obstáculos. Os cidadãos ainda não estão suficientemente capacitados para entender a situação do outro. A sensação de admiração e até mesmo indignação é momentânea, pois logo em seguida se esquece. De fato, o segredo seria sensibilizar para depois conscientizar. Sensibilizar convergiria para o ato de enfrentar a questão entendendo e sabendo que pode ser permanente a situação que se viu ou ouviu naquela palestra, ou o contato direto com situações que envolvam a inclusão. Fato é que o cadeirante pode continuar com o problema para atravessar a rua se ela estiver esburacada, o cego poderá se acidentar se não houver adequações arquitetônicas por onde quer que precise caminhar, dentre outras possíveis situações. Além disso, e, sobretudo, o que dizer então das barreiras atitudinais? Enquanto não houver respeito ao próximo, e um próximo especial, em situação de desigualdade tudo fica mais complicado. Mas, ao contrário, as pessoas vão embora e nem mais se lembram que uma pessoa com deficiência como toda e qualquer precisa e tem o direito de comer, dormir, estudar, seja na sua casa ou em qualquer ambiente: imagina quais as dificuldades que encontrará para escovar os dentes ou ir ao banheiro, tomar banho, se alimentar ou dormir?
Para sensibilizar é preciso sentir. Para sentir é preciso estar implicado ou impactado com a questão, como se não só no outro doesse. Sentir implica agir, em função desta dor sentida direta ou indiretamente. E este é o ponto crucial quando o assunto é incluir, como também é preciso alteridade, pois não basta colocar-se no lugar do outro, mas sobretudo reconhecer seu valor e suas potencialidades.
Tendo em vista a organização temática deste artigo, procedeu-se a Revisão da Literatura contempla o Percurso sócio-histórico da Educação Inclusiva e a Perspectiva da inclusão, Marcos Normativos da Educação Inclusiva, Políticas Públicas da Educação Inclusiva e Concepções da comunidade escolar sobre a educação inclusiva, e culmina com uma seção destinada ao Ensino Profissionalizante, a deficiência e a inclusão escolar sendo dado enfoque à profissionalização da pessoa com deficiência.Na Metodologia, são apresentados os caminhos propostos para a execução da pesquisa qualitativa, perpassando pela amostra, instrumentos e procedimentos para a coleta e análise dos dados, de modo que a pesquisa terá como base de dados os resultados das entrevistas com os estudantes, seus familiares e os professores da instituição bem como a pesquisa documental e legal sobre escola técnica, profissionalização e inclusão escolar. Como a pesquisa encontra-se em andamento, buscou-se incluir resultados preliminares das entrevistas, mas ainda sem as análises finais propostas.

            2.1Histórico, marcos normativos e políticas públicas
De acordo com Carvalho (2005) ao longo dos tempos, a questão da pedagogia da exclusão passou por diferentes situações, tendo origens remotas condizentes com a concepção de homem e de mundo em vigor. Na antiguidade primitiva, a educação era voltada para a satisfação das necessidades do cotidiano. Era uma educação eminentemente prática, espontânea, fundamentada na imitação e na verbalização. Todos eram alunos e educadores e a educação, igual para todos. O pensamento pedagógico grego destacou-se na antiguidade clássica sendo até hoje estudado e considerado como de avanço sem igual para a época, e, reconhecido por sua influência marcante. A educação integral era destinada na cultura grega e na antiguidade clássica aos homens livres, que não precisavam se preocupar com a sobrevivência. Enquanto isto, guerreiros e escravos que constituíam as classes inferiores, tratados como objetos, eram excluídos do processo educacional. Na Idade Média, a cultura clássica perdeu sua posição para uma ideologia inspirada no cristianismo, no amor ao próximo; ainda assim, a existência de escravos era considerada natural. Segundo o autor, no Renascimento, mesmo após descobertas e avanços científicos, o acesso à educação ainda era um privilégio para as classes dominantes, da mesma forma que na Idade Moderna, onde a Revolução Francesa caracterizada pela racionalidade e às lutas das individuais, posicionava-se contra o absolutismo do clero e da nobreza. Este processo de exclusão atingia também as pessoas com deficiência, a partir da constituição de classes homogêneas, como se houvesse de fato esta possibilidade, pois cada aluno é único, com origens e histórias de vidas diferentes. Na história da inclusão, há influência de várias correntes teóricas e contribuições da histórica da filosofia da ciência para a proposta de educação inclusiva. A universalidade no processo educacional, por seu turno, apresenta caráter elitista e segregacionista, e os discursos atribuídos às pessoas com deficiência decorrem de uma visão médica ou matemática em que são estabelecidos padrões de normalidade.
A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 208, III, assegura às pessoas com deficiência o atendimento educacional especializado, tratamento diferenciado que não as exclui dos demais princípios e garantias relativos à educação (MANTOAN, 2011).
Assevera Almeida (2013) que não se pode afirmar com precisão quando, de fato, se iniciou o processo de inclusão das pessoas com deficiência. No entanto, a exclusão escolar já acontece muito tempo antes, como se pode observar quando são explicitados os acontecimentos mais relevantes ocorridos ao longo dos tempos.

            2.2 Marcos Normativos da Educação Inclusiva e Políticas Públicas da Educação Inclusiva
Almeida (2013) relata e elenca alguns fatos históricos ocorridos no século XXI relevantes quanto à inclusão social e educacional das pessoas com deficiência intelectual, dentre os quais: - a publicação em 1801 do livro L’Education d’um Homme Sauvage, de Jean Marie Gaspar Itard, sobre a tentativa de educar um garoto encontrado na floresta de Aveiron, França e a separação de crianças em situação de isolamento em um hospício, realizada em 1840, por Edouard Seguin, em Paris, França. Discorre ainda sobre a ocorrência de ações dispersas e sem políticas sistematizadas, revelando que somente após a publicação da Declaração Mundial dos Direitos Humanos, em 1948 é que passou a existir um marco fundamental para a compreensão e situação histórica desse processo de inclusão num espectro mundial. De modo que tem ocorrido um processo de esforços e avanços para a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade; ainda assim todos eles não suficientes para sua concretização, até a Declaração Mundial sobre Educação para Todos elaborada em 1990, na Tailândia, pela comunidade internacional, na busca da construção de uma sociedade mais justa, equânime e inclusiva.
Conforme Bueno (1993), a institucionalização da educação voltada às pessoas com deficiência no Brasil ocorreu no final do Império com a criação do Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, hoje, Instituto Nacional de Educação para Surdos – INES e o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atualmente, Instituto Benjamin Constant, e cumpria as funções de atender aos que não tinham acesso à educação, em virtude de suas condições pessoais e ao mesmo tempo os isolar do convívio social. No entanto boa parte deles permaneceu nestas instituições sem aprender o suficiente para acompanhar as classes de ensino regular.
Bueno (2008), discorre que a inclusão escolar é, hoje, o tema mais candente das políticas educacionais em todo mundo, em função de sua recorrência, seja nos discursos dos políticos, nas grandes propostas políticas nacionais ou internacionais, nas ações concretas dos governantes, nas produções científicas, acadêmicas e de cunho profissional. No entanto, o autor afirma não se tratar somente de um fenômeno único e cuja expressão abarque somente um significado. Assim, através da análise da legislação e de dados, promove três provocações (heresias) sobre a inclusão escolar. Define inclusão escolar como sendo o processo político de inclusão dos alunos tradicionalmente excluídos, (nas palavras do autor - uma proposição política de incorporação de alunos que têm sido excluídos da escola) e a distingue da educação inclusiva, que se refere a um objetivo político a ser alcançado; assevera que as políticas educacionais de inclusão deveriam atender a todos, mas ocorre a manutenção da situação de sua indefinição e quanto às perspectivas das políticas de inclusão escolar afirma não as ver com otimismo, pois alega não serem permanentes, e o seu horizonte transmudando nunca é alcançado. Desta forma, ao constatar as mazelas das políticas educacionais, o autor buscou demonstrar que muitas delas têm sido incorporadas acriticamente e contribuindo para a perspectiva política única disseminada pelos conservadores: a exclusão escola e profissional passou a ser uma política inquestionável e perfeitamente compatíveis com a perspectiva política da educação inclusiva, porque sempre haverá a quem incluir, já que ela não será para todos  e também da sociedade inclusiva, porque a inclusão social ocasionada pela única possibilidade – o trabalho – também não será  para todos.
Bueno e Ferrari (2013), tendo como base legislações e correntes teóricas sobre inclusão e educação de surdos no país, afirmam que consoante a Declaração Mundial sobre a Educação para Todos, e a Declaração de Salamanca, os documentos legais nacionais como a LDB e a Resolução que estabelece as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica Brasil, CNE, 2001) deflagram impactos significativos na educação escolar brasileira, com a mudança de modelo de educação especial com classes organizadas de forma separada do restante da turma, em que se buscava atender as necessidades específicas do alunado e da deficiência apresentada, para outro em que todos os alunos passam a aprender juntos.
Carvalho (2016) discorre que o novo Plano Nacional de Educação – PNE 2014, aprovado pela Lei 13.005 de 25 de junho de 2014, contempla dentre suas diretrizes, consoantes com as propostas da educação inclusiva: a universalização do atendimento escolar; a superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação, além da melhoria da educação. Conforme a autora, o PNE apresenta 20 metas, sendo que a Meta 7 se refere à melhoria da qualidade da Educação Básica e todas as suas etapas e modalidades, constando dados estatísticos do Índice de desenvolvimento Escolar da Educação Básica – IDEB e do PISA, que tem como objetivo orientar as políticas das redes e sistemas de ensino, estimulando-os para atingir novos e melhores patamares em busca do desenvolvimento integral do alunado. A Meta 4 propõe ações direcionadas aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
O mais recente estudo, de acordo com o documento Escolar da Educação Básica de 2016 - Notas Estatísticas do Censo, publicado em fevereiro de 2017 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, aponta que o país conta com 186,1 mil escolas de educação básica. Em 57,8% das escolas brasileiras há alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades incluídos em classes comuns. Em 2015, o montante era de 56,6% e em 2008, esse percentual era de apenas 31%. As informações sobre as pesquisas do INEP e IBGE foram obtidas a partir do link htttp:cmais.com.br/educação-a-educacao-inclusiva-no-brasil-em-numeros.

            2.3 Construção social deficiência
A deficiência como construção social é relatada em Diniz (2012), quando afirma que o corpo com deficiência somente se delineia quando contrastado com uma representação do que seria o corpo sem deficiência.
A ênfase na deficiência intelectual como limitadora do desenvolvimento dos indivíduos pode gerar ações educativas pouco estimuladoras é abordada em Santos, Mendonça e Oliveira (2014), na investigação dos significados e sentidos sobre inclusão escolar e deficiência produzidos por um grupo de profissionais que atua em uma instituição especializada. Os rótulos ou estigmas atribuídos às pessoas com deficiência intelectual podem impedi-las de participarem efetivamente dos processos sociais no quais, inevitavelmente, estão inseridos.
Goffman (1988) define estigma como a demarcação dos corpos por sinais que antecipam papéis a serem exercidos pelos indivíduos, tendo como resultados as barreiras sociais, atitudinais, institucionais, para além dos seus limites corporais. Sugere ainda que os estigmas são os motivos da exclusão social.
Abordando a questão da inclusão e a deficiência com relação à pessoa com deficiência e seus familiares, Silveira e Neves (2006) afirmam que para os pais, a inclusão escolar e social dos filhos é determinada por concepções baseadas em visões medicalizadas e biológicas que dificultam o desenvolvimento de práticas que priorizam o aprendizado e o desenvolvimento. Estas concepções são baseadas em análise de resultados de entrevistas, estruturadas em categorias, em que os pais relatam seus sentimentos quanto aos impactos do diagnóstico da deficiência na vida familiar, na aprendizagem e inclusão, na educação e socialização e também quanto aos direitos e desrespeito à pessoa com deficiência. De modo que os pais têm dificuldades de encontrar uma explicação sobre diagnóstico da deficiência e muitas vezes buscam explicar através do senso comum. Quanto à aprendizagem eles reconhecem a importância da escola somente no sentido da interação social propiciada, tendem a infantilizar a pessoa com deficiência por toda a vida e, por fim, discorrem sobre os desrespeitos sofridos em relação ao convívio em sociedade.

            2.4 Concepções da comunidade sobre Inclusão escolar da pessoa com deficiência
Sant’Anna (2005) em pesquisa sobre a concepção de educação inclusiva de diretores e docentes identificou alguns aspectos essenciais para a concretização da inclusão, como a falta de formação especializada e de apoio técnico, sugerindo a composição de equipe multidisciplinar para orientação, infra-estrutura e recursos pedagógicos adequados, experiência prévia junto a estes alunos, atitude positiva, apoio dos familiares e da comunidade. Reforça a necessidade de envolvimento de todos os membros da equipe escolar no planejamento das ações e programas voltados à inclusão.
Silveira e Neves (2006) defendem que a inclusão escolar requer posturas frente às concepções presentes na escola; sendo que um dos embates de maior relevância é o relacionado à formação de professores em níveis teóricos, práticos, de modo a estimular a autonomia, a criatividade e a ampliação das competências do aluno. As atividades dos professores são estruturadas tendo como base as crenças na incapacidade no desenvolvimento e na aprendizagem do deficiente múltiplo. A falta de planejamento das atividades a serem desenvolvidas com as crianças, muitas vezes sem atividades direcionadas, foi recorrente nas observações realizadas.
Ferreira de Ávila, Tachibana e Valsberg (2008) quando da discussão sobre o imaginário coletivo dos professores, observam que o ambiente do ensino regular não é realmente concebido como o lugar adequado para o aluno com deficiência. Vêem-no como um ser humano cheio de limitações a serem superadas, do ponto de vista técnico, além de um indivíduo em sofrimento emocional profundo, tendo com base a análise dos desenhos-estórias provenientes da entrevista grupal com os professores. Sugerem, por fim, a criação de espaços, tanto na formação acadêmica ou nas escolas em que atuam, em que os professores possam entrar em contato com os diversos sentimentos envolvidos no processo de inclusão, para que sejam emocionalmente sustentados, tendo em vista também eles próprios se sentirem cuidados.
Anjos, Andrade e Pereira (2009) ao estudarem o discurso de professores em sala comum sobre a inclusão, verificaram que para alguns professores a deficiência está relacionada à falta de disposição para aprender, responsabilizando o próprio sujeito enquanto portador da deficiência. Discutem também sobre os sentimentos dos professores e atentam-se para as dificuldades de comunicação encontradas no trabalho com os deficientes mostrando que é relacional, integrando também a atitude dos professores, destacando o choque por eles sentido, ao perceberem o vazio na formação, diante das situações que se apresentam como novidade e que requerem novas capacidades e novos fazeres e saberes no fazer pedagógico.
Para De Vita (2010), em pesquisa sobre a percepção e professores de educação infantil sobre a inclusão da criança com deficiência, afirma que para as professoras, o maior ganho para as crianças com necessidades educacionais especiais inseridas em escola regular relaciona-se a habilidades sociais, e quanto à aprendizagem, o deficiente mental é o que menos se beneficia desse processo, enquanto que o deficiente físico é o que melhor se adapta, mas, no entanto, nem todas as crianças deficientes são passíveis de serem incluídas em escola regular.
De fato, cada criança apresenta sua especificidade e há alguns casos severos de deficiências múltiplas em que não há condições da realização do processo de inclusão escolar. A aprendizagem, por se tratar de um processo contínuo que resulta das descobertas do indivíduo, requer o reconhecimento da responsabilidade de todos os envolvidos, bem como a necessidade de aplicação de estratégias e condições adequadas para sua efetivação.
Fernandes (2011), ao abordar as relações entre professor e alunos, destacou que apenas uma boa relação não é o suficiente para garantir o sucesso no desenvolvimento escolar. Apesar do excelente entrosamento entre os participantes de sua pesquisa (uma professora e seus alunos de uma classe de EJA especial), a pesquisadora descreveu o uso de atividades descontextualizadas e infantilizadoras, aplicadas como um fim em si mesmas, e de maneira que os alunos dependessem demasiadamente da professora.
No que tange à interação entre pais e filhos, encontra-se as habilidades sociais educativas (HSE), que são definidas como aquelas intencionalmente voltadas para a promoção do desenvolvimento e da aprendizagem do outro e são específicas ao contexto familiar ou escolar de educação das crianças e constituem a base das estratégias educativas dos pais em relação aos filhos. Além disso, o caráter intencional prevê que o agente educativo tenha um objetivo definido para controlar ou ensinar comportamento as crianças. As habilidades sociais só podem ser caracterizadas como educativas se gerarem mudanças no repertório comportamental da criança (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001).

            2.5  A pessoa com deficiência no ensino profissionalizante
2.5 .1 Situando o Ensino Profissionalizante
Pode-se dizer que as escolas técnicas se caracterizam pela formação profissional. Ao cumprir papel social, estão cunhadas de implicações sociais, relacionadas ao mundo da profissionalização e do trabalho. É o que se pretende aqui explanar, especialmente quanto à questão da inclusão escolar como se verá adiante. Faz-se mister, entretanto, algumas considerações iniciais acerca da educação e do saber, bem como de conceitos relativos ao ensino profissionalizante como definições, histórico e legislação, relevantes para que se entenda esta modalidade antes que se adentre efetivamente no aspecto da inclusão escolar.
O ensino técnico representa uma estratégia dos jovens trabalhadores muitas vezes imperceptíveis para gestores e legisladores educacionais. Sua importância para os setores populares relativizam questões que do ponto de vista teórico representariam uma subordinação aos interesses do capital, mas que, por outro lado, representam um modo de fortalecer os jovens trabalhadores em sua emancipação e desenvolvimento pessoal e coletivo (SIMÕES, 2007, p. 82).
A importância da educação profissional e tecnológica é atribuída à promoção da cidadania quando propõe a inserção social de jovens e trabalhadores como força de trabalho especializada, mas não somente isso. Segundo a LDB - Lei nº 9.394/96, capítulo III, em seu artigo 39: “A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades da educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia”.
            Mendes (2017) em sua Tese de Doutorado sobre Educação Especial Inclusiva na Rede Federal de Educação afirma que os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia compõem a maior parte da rede federal de educação profissional e tecnológica do país. O Ministério da Educação data como início da rede, a criação de dezenove Escolas de Aprendizes e Artífices (EAAs) por meio do Decreto nº 7.566, de 23 de setembro de 1909, apenas 20 anos após a Proclamação da República, assinado pelo então presidente, Nilo Peçanha (BRASIL, 1909). A vocação primeira das EAAs era compor o cenário nacional republicano civilizador e de modernização.
            As instituições que compõem a rede federal têm trajetórias e históricos distintas,  tendo algumas delas sido anteriormente denominadas e estruturadas como Escolas de Aprendizes e Artífices, Liceus Industriais, Escolas Técnicas Industriais, Escolas Técnicas e Agrotécnicas Federais, Centros Federais de Educação Tecnológica e Institutos Federais. Algumas passaram por quase todos esses processos e outras, porém, já foram implantadas como IFs, de modo que os contextos dessas trajetórias ficaram marcadas, em muitas dessas unidades apresentando reflexos nos dias de hoje quanto às suas estruturas e cultura escolar (MENDES, 2017).
            Conforme pesquisa realizada no link www.ifsp.edu.br, verificou-se que os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia foram criados através da Lei 11.892/08, que institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, que cobre todos os estados brasileiros e oferece cursos técnicos, superiores de tecnologia, licenciaturas, mestrado e doutorado. O Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) é uma autarquia federal de ensino. Fundada em 1909, como escola de Aprendizes Artífices, é reconhecida pela sociedade paulista por sua excelência no ensino gratuito de qualidade. Durante seus 105 anos de história, recebeu também, os nomes de Escola Técnica Federal de São Paulo e Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo (CEFET). O IFSP é organizado em estrutura multicampi e possui aproximadamente 22 mil alunos matriculados nos 37 campi distribuídos pelo estado de São Paulo. A missão dos Institutos Federais é consolidar uma práxis educativa que contribua para a inserção social, à formação integradora e à produção do conhecimento. 
            A educação profissional prevista no art. 39 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, está regulamentada no Decreto 5.154/04 (BRASIL, 2004) com a observância das diretrizes curriculares nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação, sendo desenvolvida por meio de cursos e programas de qualificação profissional, inclusive formação inicial e continuada de trabalhadores, educação profissional técnica de nível médio e também educação profissional tecnológica de graduação e de pós-graduação.Ainda sobre esta mesma questão, de acordo com o documento Políticas Públicas para a Educação Profissional e Tecnológica – MEC do ano de 2004, a educação profissional contempla vários pressupostos específicos, no sentido de articular a educação profissional e tecnológica com a educação básica, estabelecendo vínculo ao mundo do trabalho, como preconizado pela LDB. Visa promover a interação da educação profissional e tecnológica com outras políticas públicas, a reestruturação do sistema público de ensino médio técnico e da educação profissional e tecnológica, comprometendo-se ainda com a formação e valorização dos profissionais de educação profissional e tecnológica.

            2.5.2 Revisão literária sobre inclusão no ensino profissionalizante
            Na busca por aprofundamento da questão da inclusão escolar e sua relação com o ensino profissionalizante, foi realizada uma pesquisa em 15 de janeiro de 2018, tendo como referência as palavras-chave inclusão escolar e ensino profissionalizante no Portal Google Acadêmico, sem definição de data para ocorrências,conforme o link  https://scholar.google.com.br. Foram selecionados os estudos mais relevantes ao tema, a seguir elencados, mas convém mencionar que nem todos apresentaram informações significativas e por isso, não se foram mencionados no projeto desenvolvido.
            Ao se tratar daprofissionalização da pessoa com deficiência, as questões abordadas nas pesquisas realizadas contemplam a visão gerencial, administrativa da profissionalização, com base em dados e estão voltadas para sua finalidade: o mundo do trabalho. Alguns casos explicitam a percepção dos professores, de psicopedagogos, bibliotecários, mas com ênfase na inserção mercado do trabalho. Embora sejam poucos os relatos da pessoa com deficiência (PcD), vemos alguns familiares e professores falando por eles, mas de acordo com suas próprias concepções.
            Godoy (1999) realiza entrevista com docentes em pesquisa sobre a inclusão de alunos portadores de deficiência no ensino regular paulista, e aponta recomendações internacionais e normas oficiais.
            Moura (2007) discorre sobre a educação básica e educação profissional e tecnológica: dualidade histórica e perspectivas de integração.
            Motta (2008), em estudo de caso no SENAC /RS, buscando caminhos para inclusão da pessoa com deficiência não relata a deficiência na visão dos alunos, mas de funcionários. Observação simples. Ótica Empregabilidade. O foco não é o ensino, mas a inclusão, a que instituição obrigada a cumprir legalmente perante aos órgãos DRT e MtB. Aborda a questão da inclusão de portadores de deficiência no mercado de trabalho e o que as empresas podem fazer pela inclusão das pessoas com deficiência. São tratadas questões como deficiência, Educação especial inclusiva, Educação profissional, dicas de interação PCD física, visual, auditiva, mental e peculiaridades da educação PCD auditiva.
            Glat, Mascaro, Antunes e Marin (2011) fazem considerações históricas e conceituais sobre o processo de inclusão social e escolar de pessoas com deficiência e outras necessidades especiais na escola e no trabalho, mas não há relatos de realização de entrevistas.
            Manica (2011) em Tese de Doutorado sob o título A prática docente da educação profissional na perspectiva da inclusão afirma que a ação pedagógica baseada nos princípios da inclusão, segundo a Declaração de Salamanca (1999), define que todos os alunos devem aprender juntos, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou deficiências, portanto, exige novas metodologias capazes de contribuir para que o aluno com deficiência possa pensa, reflita criticamente sobre sua realidade, faça perguntas, busque respostas e proponha alternativas de ação. Tais princípios fazem menção à importância do aprendizado conjunto, ao fazer parte de um grupo e de uma coletividade, remetendo claramente à inclusão escolar, seus benefícios a todos e à necessidade de destinação de atenção especial aos que dela necessitarem.
            Neves (2011), em estudo de caso sobre aluno com paralisia cerebral, aborda concepções de seus familiares, professores e outros funcionários como bibliotecárias, psicopedagoga de uma escola técnica, relatando suas limitações, desafios e possibilidades. Apresentando os resultados da pesquisa, afirma que crianças com necessidades educacionais especiais em situação de ensino regular têm melhor desempenho social e acadêmico quando comparadas a outras que só recebem educação especial, daí a importância da complementaridade entre ensino regular e salas especiais de recursos, também citada em STAINBACK, S; STAINBACK (1999).           
            Cordeiro (2013) aborda a questão da inclusão de pessoas com deficiência na rede regular de educação profissional, através de pesquisa documental sobre os programas de inclusão desenvolvidos pelas redes Centro Paula Souza, SENAC e SENAI, com o uso de entrevistas semi-estruturadas com os diretores e profissionais responsáveis pelas ações de inclusão, em três escolas vinculadas a cada uma dessas redes. A pesquisa da autora consistiu da caracterização das escolas, a identificação das matrículas de alunos com deficiência, dos Diretores, do responsável pelo desenvolvimento de ações de inclusão, envolvendo articulações entre outras instâncias da rede e os docentes, discentes, famílias e equipe técnico-administrativa da escola.  Por fim ela organizou os dados coletados em categorias temáticas, a saber: 1) Caracterização das escolas de educação profissional; 2) Matrículas e acesso de pessoas com deficiência; 3) Programas de inclusão desenvolvidos pelas redes de educação profissional; 4) Práticas de inclusão nas escolas de educação profissional; 5) Posicionamentos e perspectivas dos participantes sobre a inclusão na educação profissional; e 6) Inclusão no trabalho.
            Em relação aos resultados da pesquisa, quanto à caracterização dos entrevistados, a autora afirma que em nenhuma das escolas existia um cargo específico relacionado às ações de inclusão e nem critérios específicos para a definição do profissional que se responsabilizaria por essas ações, no âmbito escolar. Em relação à atuação dos participantes nas ações de inclusão, cada rede e escola a ela vinculada se apresentava organizada do modo como escolhia para a efetivação dessas ações, sendo que, no Centro Paula Souza, pareciam estar centralizadas em um único profissional que as coordenava em todas as escolas componentes  dessa rede; já na rede SENAC, cada escola contava com um grupo de profissionais que se reuniam, discutiam e promoviam as ações necessárias e, por fim, na escola SENAI, havia apenas um profissional responsável por essas ações, que atuava em articulação com as outras escolas da rede. Com relação às capacitações oferecidas pelas redes apontou que não ocorriam através de cursos com conteúdos sistematizados, tratando-se de encontros pontuais que abordavam assuntos específicos ou oportunidades para troca de experiências. Verificou-se também que os participantes procuravam se capacitar por iniciativa própria, como no caso dos profissionais vinculados ao SENAC, e da profissional responsável pelas ações de inclusão no Centro Paula Souza, que, com o incentivo dessa rede, participou de eventos externos sobre o tema. A profissionalização de pessoas com deficiência discutida no âmbito da Educação Especial parte do pressuposto de que o trabalho pode se constituir como uma via de emancipação para essas pessoas e de que a educação profissional pode propiciar conhecimentos teóricos, técnicos e operacionais, os quais favoreçam a inclusão no trabalho.
            Nascimento, Florindo e Silva (2013) em Educação Profissional e tecnológica Inclusiva: um caminho em construção discorrem sobre o atendimento aos estudantes com Deficiência Física, Deficiência Visual, Deficiência Intelectual, Superdotação/Altas habilidades, transtornos Globais do Desenvolvimento – TGD e com Deficiências Múltiplas no Instituto federal de Brasília. Abordam ainda o uso e Desenvolvimento de Tecnologia Assistiva na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica
            Carlou (2014) discute a inclusão na educação profissional na visão dos gestores do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, onde são entrevistados dez Diretores Gerais de campi do IFRJ e seis Coordenadores de NAPNE discorre sobre a trajetória da Educação Inclusiva, aborda a formação profissional e a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e promove a identificação das necessidades específicas dos alunos atendidos pelo NAPNE da instituição pesquisada. Vê-se que não só os alunos com deficiência, mas também aqueles que apresentarem algum tipo de demanda específica de suporte para o processo ensino-aprendizagem são, da mesma forma, considerados alunos com necessidades educacionais específicas, pois requerem atenção específica. E é necessária a realização de um trabalho pontual para que ocorra a apreensão dos conteúdos, e o indivíduo possa vir a atingir a excelência de seu potencial que não necessariamente comparável em grau e dimensão aos demais alunos.A análise de conteúdo dos dados coletados consistiu em informações obtidas sobre a composição do cenário da pesquisa, das entrevistas semi-estruturadas e perfil dos sujeitos. Conforme a autora, tal procedimento permitiu compreender o processo de inclusão de alunos com necessidades educacionais específicas na educação profissional, através da ação do NAPNE, a partir da concepção dos gestores (diretores gerais de campus e coordenadores de NAPNEs)  do IFRJ. De modo que a análise dos dados obtidos revelou que os gestores do IFRJ percebem que a Instituição é responsável por incluir pessoas com deficiência ou outras necessidades educacionais específicas, e que precisa construir novas práticas para atendimento, com ações efetivas a essa demanda de atendimento ao alunado com deficiência e na sensibilização da comunidade escolar. No entanto, na visão dos participantes da pesquisa, a falta de capacitação dos professores para atuar neste novo paradigma é uma dificuldade para a efetivação de uma formação profissional inclusiva, sem entrar em detalhes quanto a esta formação. Também verificou-se a preocupação com a necessidade da adequada formação docente, porque  a grande maioria do corpo docente não tem formação alguma específica na área e que os gestores explicitaram o papel do NAPNE na consolidação de uma política inclusiva no IFRJ.
            Segundo Ostler e Calsan (2015), grande parte dos docentes de curso técnico não é capacitada, habilitados ou sequer preparados para o diagnóstico preciso de síndromes, transtornos, necessidades educacionais específicas. Ainda assim, se empenham para um atendimento não discriminatório e inclusivo, para que esse aluno acompanhe a turma e possa ter adequadas condições para ocupar uma vaga no mercado de trabalho.
            Urtado (2016), ao discorrer sobre educação profissionalizante e inclusão social na ETEC São Mateus não se refere ao aluno com deficiência, mas da questão da vulnerabilidade social, e remete à inclusão social. Neste enfoque o ensino técnico é visto como oportunidade de trabalho. Aborda o Programa de Desenvolvimento Profissional Continuado do MEC (2004). É realizada a caracterização da ETEC por meio do PPP, verificando que quando os profissionais são indagados diretamente se a escola objetiva ou não a inclusão social, inicialmente não sabem responder. Isso deve-se ao fato do termo inclusão social não estar pautado no Projeto Político Pedagógico e os debates realizados na sociedade não difundirem ações práticas sobre o termo. A escola promove, segundo seu Plano Político Pedagógico, projetos de atendimento à comunidade local como Imposto de Renda Solidário, Programa de Orientação Nutricional, Campanhas de Conscientização quanto ao destino de Lixo Eletrônico, SIPAT como Prevenção a Acidentes Domésticos e do Trabalho, Perfil Discente do Etim, entre outros, favorecendo conforme o Coordenador Pedagógico da unidade, a aproximação entre escola-família-comunidade. Conforme afirmaram os entrevistados, a Etec São Mateus colabora de forma decisiva na inclusão social proporcionando ao aluno formação técnica profissional de reconhecida qualidade.
            Mendes (2017), em Tese de Doutorado sobre Educação Especial Inclusiva nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia brasileiros destaca dentre suas conclusões, que a antecipação à chegada do estudante poderia minimizar possíveis evasões e mesmo a negação do direito à educação. Considerando, por exemplo, que um estudante surdo ao ingressar em alguma instituição não conseguiria participar das aulas sem a presença de um intérprete e sabendo dos tempos institucionais para a realização dos processos seletivos para contratação de um profissional, mesmo que em caráter temporário, podemos deduzir que as aulas iniciais de um    curso poderiam ser negadas a esse suposto            aluno surdo. Portanto, a resolução não deveria ser pautada pelas demandas de um sujeito individual específico, mas de composição de instituições que passam por uma reorganização nos seus processos (MENDES, 2017 p.125). Este é um exemplo prático de uma situação em sala de aula que nos remete à questão da inclusão quanto à necessidade de as escolas já estarem preparadas para receberem os alunos com deficiência, e não somente se preparar quando verificarem, dentre os matriculados, que um determinado indivíduo precisa ser devidamente incluído. Em outras palavras, não basta a existência uma lei que promova a inclusão, a acessibilidade, se os dirigentes não estiverem mobilizados no sentido de fazer a lei vigorar. Se não estiverem sensibilizados com a questão, não atuarão com a sinergia que requer a questão. A questão da Educação Especial Inclusiva na Rede Federal de Educação, passou a ser pautada no início dos anos 2000, apesar de serem conhecidas ações isoladas ocorridas antes disso em alguns campi. A Educação Especial na rede federal tem como marco o Programa Educação, Tecnologia e Profissionalização para Pessoas com Necessidades Educacionais específicas (posteriormente conhecido como ação Tecnep), que visa à inserção das Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas – PNE – (deficientes, superdotados/altas habilidades e com transtornos globais do desenvolvimento) em cursos de formação inicial e continuada, técnicos, tecnológicos, licenciaturas, bacharelados e pós-graduações da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, em parceria com os sistemas estaduais e municipais de ensino.
            As instituições que compõem a rede federal têm trajetórias e históricos distintas, tendo algumas delas sido anteriormente denominadas e estruturadas como Escolas de Aprendizes e Artífices, Liceus Industriais, Escolas Técnicas Industriais, Escolas Técnicas e Agrotécnicas Federais, Centros Federais de Educação Tecnológica e Institutos Federais. Algumas passaram por quase todos esses processos e outras, porém, já foram implantadas como IFs, de modo que os contextos dessas trajetórias ficaram marcadas, em muitas dessas unidades apresentando reflexos nos dias de hoje quanto às suas estruturas e cultura escolar (MENDES, 2017).

































3 MATERIAIS E MÉTODOS

            Como expresso na introdução pretendemos analisar as concepções da inclusão escolar da pessoa com deficiência em uma escola técnica, a partir dos dados a serem obtidos na pesquisa, a partir do pensamento das pessoas entrevistadas sobre o assunto.
A pesquisa realizada tem caráter qualitativo. É interpretativa, processual e subjetiva, pois se preocupa em descrever os fenômenos por meio dos significados que o ambiente se manifesta. Segundo Richardson et al. (2007) os pesquisadores qualitativos estão preocupados com o processo: portanto, não estão preocupados com os resultados e produtos, mas em conhecer como determinado fenômeno manifesta-se. Tendem ainda a analisar seus dados indutivamente e as abstrações são construídas a partir dos dados, num processo de baixo para cima. O significado é a preocupação essencial: os pesquisadores qualitativos buscam compreender os fenômenos a partir do ponto de vista dos participantes.
Assim, os resultados serão expressos através de transcrição de entrevistas, narrativas, declarações, fotografias, desenhos, documentos, diários pessoais, dentre outras tantas formas de coleta de dados e informações, tendo em vista a construção das realidades sociais e seus significados.

3.1 Tipo de Pesquisa
A pesquisa se caracteriza como exploratória e interpretativa, com abordagem qualitativa do problema, pois há interesse no registro e nas análises dos dados coletados e pode favorecer o processo de compreensão dos significados de inclusão. Quanto à sua natureza, ela se classifica como pesquisa de campo, de acordo com Silva e Menezes (2005, p. 20), pois “objetiva gerar conhecimentos novos e úteis para a ciência sem aplicação prática prevista”.

3.2 Local da Pesquisa
A escola técnica federal do Vale do Paraíba pesquisada pertence à Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e possui uma estrutura multi-campi no Estado de São Paulo. Em relação à concepção de Homem, Mundo e Sociedade tem como visão consolidar uma práxis educativa que contribua para a inserção social, para a formação integradora e para a produção do conhecimento, e com o objetivo de formar profissional capaz de combinar o conhecimento técnico com a visão mercadológica, pressupostos humanísticos e culturais, por meio de conhecimento das áreas de automação, eletrônica, eletrotécnica, informática e mecânica, permitindo atuação nas áreas de projeto, execução e manutenção de processos produtivos automatizados.
A escola técnica federal do Vale do Paraíba pesquisada oferta cursos de Formação Inicial e Continuada ou qualificação profissional e Educação Profissional Técnica de Nível Médio. O seu quadro de funcionários é estruturado por servidores técnico-administrativos em educação, professores e equipe sócio-pedagógica. A estrutura física contempla cantina, sala de jogos, laboratórios de Informática, anfiteatro, biblioteca, oficina mecânica, laboratório de Pneumática, laboratório de Micro-controladores, laboratório de Pesquisa Científica, laboratório de Química. Com relação à infra-estrutura adaptativa, são oferecidas banheiro adaptado (masculino), bebedouro adaptado para cadeirantes, carteiras adaptadas para cadeirantes, painéis de libras, vagas de estacionamento para cadeirantes e idosos, sinalização em BRAILLE nas portas das salas e piso tátil para acesso às salas. Por fim, os recursos humanos de apoio às pessoas com deficiência é composto por tradutor intérprete de LIBRAS e professor de LIBRAS.
Cabe ao núcleo de atendimento às pessoas com necessidades educacionais específicas (NAPNE), presente em todos os campi da Instituição, o apoio e orientação às ações inclusivas, com o propósito de implementar ações inclusivas, contribuindo para a reflexão sobre a prática da inclusão, a aceitação da diversidade visando ao rompimento das barreiras arquitetônicas, educacionais e atitudinais. O NAPNE também acompanha o desenvolvimento acadêmico dos estudantes com necessidades educacionais específicas, procurando realizar intervenções efetivas durante os seus percursos acadêmicos.
3.3 Participantes
A população desta pesquisa são alguns alunos do Ensino Médio dentre os alunos de ambos os sexos com deficiência e/ou necessidades especiais, seus familiares e professores da escola técnica federal situada no Vale do Paraíba, num total estimado de: 05 estudantes, suas famílias e 05 docentes do 1º ano do Ensino Médio. De acordo com informações obtidas junto ao NAPNE, os alunos apresentam, respectivamente, algumas das deficiências abaixo elencadas:
- Raciocínio mais lento que das demais crianças;
- Traumatismo craniano (Perda de memória e desmaios);
- Cegueira no olho direito (Olho esquerdo normal);
- Deficiência física e dificuldade de locomoção (Atrogripose múltipla congênita);
- Deficiência física e dificuldade de locomoção;
- Deficiência auditiva no ouvido esquerdo;
- Baixa visão;
Os critérios para a seleção dos entrevistados baseiam-se inicialmente nas informações obtidas junto ao NAPNE, elencando-se os alunos que declararem a deficiência e aceitarem participar das entrevistas. A exclusão dar-se-á em relação aos alunos que não quiserem participar das entrevistas e os que não declararam a deficiência. Tanto os professores, como os alunos e seus familiares serão selecionados e convidados e a eles será explicado sobre a importância da pesquisa.
            A amostra compreende os alunos recém-ingressos no Ensino Médio.

3.4 Instrumentos
Os instrumentos utilizados foram roteiros de entrevistas semi-estruturadas  construídos um total de 03 roteiros dedicados aos alunos do Ensino Médio, suas famílias e alguns de seus professores a partir de eixos temáticos, seguindo um roteiro pré-determinado. As entrevistas podem propiciar respostas subjetivas e espontâneas e confere um diferencial aos resultados da pesquisa, a partir da colocação dos próprios entrevistados sobre seu entendimento acerca da inclusão escolar. Também incluiu-se a caracterização sócio-demográfica de cada um dos grupos a serem entrevistados.

3.4.1 Procedimentos para construção dos instrumentos de coleta de Dados
Primeiramente foi encaminhada à instituição o Ofício para a solicitação da realização da Pesquisa e sua respectiva autorização, sendo tais documentos protocolados e assinados pelas autoridades responsáveis.
Após, foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos indivíduos (direcionado a pais e professores) que aceitarem participar do estudo, sendo-lhes garantido o sigilo de sua identidade, bem como assegurada sua saída do presente estudo, se assim desejarem, a qualquer tempo. Da mesma forma, por se tratar de menores de 18 anos de idade serão respeitados os princípios do Comitê de Ética, incluindo-se ainda o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido, respectivamente, específicos para esta situação.
Por utilizar seres humanos para a coleta de dados, o projeto de pesquisa será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa Humana da Universidade de Taubaté (CEP-UNITAU), conforme atesta o Protocolo de Inscrição gerado pela Plataforma Brasil.
          As entrevistas estão sendo realizadas na própria escola com professores, alunos com deficiência e seus familiares, e para não causar desconforto podem ser interrompidas a qualquer instante e realizadas em horários acordados para não causar interferência nos horários das disciplinas. Serão gravadas terão a duração de aproximadamente 2 horas no máximo, e ficarão em posse do pesquisador pelo período de 05 anos.

3.4.2 Formulários para caracterização das pessoas com deficiência, seus  familiares e  dos professores
Tem por objetivo situar cada entrevistado, indicando seu perfil e algumas de suas particularidades que podem ou não implicar em certos tipos de resposta.
Está prevista a resposta às seguintes situações:
Estudantes e seus familiares:
composição familiar - idade; formação escolar; - profissão; - descrição da deficiência, indicação de medicação e tratamento/ acompanhamento médico.
Professores:
- idade; - formação profissional; - tempo na profissão; - tempo na instituição.

3.4.3 Roteiros semi-estruturados aplicados nas entrevistas com os estudantes com deficiência,seus familiares e  professores
Visam responder às seguintes indagações:
Alunos e familiares: história de vida e percurso escolar desafios encontrados e estratégias utilizadas para superá-los, processo de escolarização; noções do significado de inclusão e o que as pessoas devem saber para facilitar o dia-a-dia  na escola.
            Professores: percurso pessoal e profissional até vir trabalhar para a instituição, noções do significado de inclusão e  como é trabalhar com a deficiência, sugestões dar para uma melhora neste processo de inclusão.
            3.6 Procedimentos Éticos
Foram respeitados os seguintes princípios éticos, elencados pelo Comitê de Ética da UNITAU:
Os riscos são mínimos, mas levados em consideração, como desconforto, incômodo e garantia de não ter que responder ou desistir. Estes casos serão encaminhados ao atendimento sócio-pedagógico da escola, para o seu devido acompanhamento.
Convém ressaltar que os entrevistados terão sua identidade preservada e as informações serão de uso restrito para este trabalho. Não haverá remuneração dos pesquisados e as gravações das entrevistas ficarão em posse do entrevistador, sendo que após 05 (cinco) anos serão destruídas.
Os benefícios desta pesquisa são relativos à maior visibilidade da situação da inclusão escolar e em função da possibilidade de fomentar melhorias nas políticas públicas de inclusão, após a divulgação deste trabalho.

3.7 Procedimentos para análise dos dados
Os dados obtidos por meio das entrevistas foram transcritos através da Análise de Conteúdo, organizada por Bardin (2009), e explicitada a partir de elementos quantitativos, inferências e interpretação dos resultados. A Análise de Conteúdo é uma técnica de investigação destinada a formular, a partir de certos dados, inferências reprodutíveis e válidas que se podem aplicar a um contexto. Como ferramenta, sua finalidade consiste em proporcionar conhecimentos, novas interpretações, novas formas de fazer e um guia prático para a ação.

Trata-se de um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2009, p. 91).

            A análise de conteúdo visa reproduzir o sentido de cada uma das entrevistas após sua transcrição e agrega valor à pesquisa porque sintetiza a fala de cada um dos entrevistados, fundamentando cada uma delas.


4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

            Foram obtidos os seguintes resultados preliminares em relação ao perfil dos entrevistados e concepções acerca da inclusão:
            4.1 PERFIL ENTREVISTADOS (em elaboração):
·        PROFESSORES
            FAIXA ETÁRIA:
            41 anos de idade           Masculino: 60%            Feminino: 40%
            FORMAÇÃO:
             Engenharias:  20%  Pedagogia:  40%          Licenciatura: 20%   Outras: 20%
            ESPECIALIZAÇÃO:
             Doutores: 20%     Doutorando: 20%          Mestres: 40%           Mestrandos : 20%
            Experiência Profissional:  
             Média Geral=  12anos Max 17 Mín 4       
            Atuação na Instituição:
            Média Geral=  2.5    

·        ESTUDANTE(S)
            Idade: 18        Sexo: MASCULINO  Deficiência: GLAUCOMA CONGÊNITO O. E.
            Sintomas e comportamentos característicos: Perda de 90% da visão
            Acompanhamento médico: Sim, Oftalmologista. Para medição da pressão ocular
            Uso de medicamento, próteses ou tecnologias adaptativas: Não

            Composição familiar (Pessoas que convivem no mesmo endereço)
            Mãe – Ensino Médio – do Lar
            Pai – Ensino Fundamental – Caminhoneiro
            Irmã – Cursando Superior

            Local de residência:
            Caçapava/SP

            Informações escolares:
            Tempo em que estudou em escola pública (em anos): 03 – 1º, 2ª e 3º do Ensino     Fundamental .
            Demais em escola particular: Objetivo
            Ensino Médio Integrado – ETEC – Técnico em Mecânica
            4.2 CONCEPÇÕES ACERCA DA DEFICIÊNCIA:
            ALUNOS
            Desde a descoberta da deficiência são relatadas algumas dificuldades quanto ao tratamento médico. Relatos de seqüelas, cuidados que precisam ser tomados até os dias de hoje e de bulliyng na infância.Comportamento social moldado pela deficiência: poucas amizades, por causa da discriminação não olha para outras pessoas.Por fim, quanto às concepções de inclusão se reporta a questão de conscientização e respeito e cooperação. Em relação às suas experiências vivenciadas não tem nada a reclamar de nenhuma instituição em que estudou.Sugeriu empatia por causa dos casos de bullying e a possibilidade de entrar em depressão.

            FAMILIARES
            Concepção médica e social da inclusão. Superação com apoio da fé, da estrutura familiar e relatos de dificuldades

            PROFESSORES
            Em relação à formação e carreira, os perfis foram bastante variados: Formação técnica, Área hospitalar, Magistério, Licenciatura e Pedagogia. Dois professores apresentam formação e atuação na área de inclusão, sendo um deles professor de Libras e outro atuando na formação de professores.
            Sobre as concepções da inclusão, grande parte fez algum comentário afirmando que a temática é algo novo.  As respostas foram difusas e muitas delas sem profundo conhecimento sobre a questão:
            - Alguma coisa relacionada à  possibilidade e oportunidade de outras pessoas que não estão dentro daquele ciclo objetivo seja  emprego, seja lazer, cultura;
            - Dar oportunidade da pessoa de participar de uma maneira igual, sem ser excluída. É o contrário da exclusão. Incluir é exatamente inserir no contexto e tratar igual mesmo a pessoa cada um sendo diferente do outro, pois somos todos diferentes;
            - Necessidades de adaptação do meio para ela. E refere-se também a uma escola para todos;
            - Políticas de práticas para incluir no ambiente escolar diferentes perfis de algum tipo de deficiência física, mental. A inclusão é essa nova perspectiva do aluno que tem deficiência não tem que ser excluído ou formado em lugar específico. Sempre que possível  incluir com outros alunos;   
            - Promover o acesso da pessoa, e não só o acesso de vaga, mas todo acesso pra o conhecimento. e ao desenvolvimento da PcD.
            Em relação a sugestões e desafios, obteve-se como resposta:
            - Experiência gera aprendizado, a partir do reaprendizado. É preciso vontade de querer ensinar;
            - Há muitos alunos por sala de aula e fica inviável um trabalho de qualidade. A presença de um profissional especifico para estar ajudando em sala de aula é desejável;
            - É preciso fazer que as aula atinja a todos. Mudar leis e a questão de currículo nas escolas e espaços escolares;
            - Nos cursos de licenciaturas deveria ser obrigatório as disciplinas sobre os casos de inclusão, pelo menos uma noção sobre libras e  sobre os tipos de deficiência;
            - Nas instituições há uma barreira atitudinal muito grande, sendo este o maior empecilho para efetivação da inclusão. É necessário uma análise da escola, desde a educação infantil até chegar ali na formação de professores. O grande problema é pensar uma estrutura escolar e um currículo escolar que contemple todos e trabalhe com valores. Trabalhar mais  no enfoque de  aceitação, de respeito, de tolerância e aí isso a gente precisa trabalhar com estas crianças desde a mais tenra idade. Atenção à formação continuada com formação prática sobre inclusão e não somente cursos EaD teóricos.
            Como as pesquisas estão em andamento, as discussões acerca dos resultados serão realizadas a posteriori.
















5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
            O presente artigo teve como objetivo analisar as concepções sobre a inclusão escolar a partir da ótica da pessoa com deficiência no ensino profissionalizante, seus familiares e seus professores. Contou-se com a colaboração do NAPNE na indicação das pessoas a serem entrevistadas, mas nem todas aceitaram participar das entrevistas, por diversos motivos que também poderiam render outras possibilidades de análises.
            Realizou-se essa proposta com o intuito de dar visibilidade e discutir as experiências de inclusão vivenciadas pelos entrevistados na escola pesquisada, buscando trazer reflexões e discussões sobre a educação profissional de pessoas com deficiência.  Para isso, procurou-se compreender as possibilidades e contradições da inclusão de pessoas com deficiência na educação profissional, e como vêm sendo desenvolvidos os programas de ensino profissionalizante.





THE CONCEPTIONS OF THE SCHOOL INCLUSION OF THE DISABLED PERSON IN A TECHNICAL SCHOOL OF THE PARAÍBA VALLEY


ABSTRACT
            This study aims to identify the conceptions of the inclusion of people with disabilities from the perspective of students with disabilities in a technical school in the Paraíba Valley of São Paulo, their families and teachers. In order to do so, we will use an interdisciplinary theoretical reference referring to the socio-historical course of inclusive education, the perspective of inclusion and its pedagogical make, and the vision of the school community. It is proposed that inclusion be imbricated with vocational education and it is intended that the study be conducted through an exploratory exploratory research with a qualitative approach. As a methodological procedure, interview scripts will be used to identify the beliefs, attitudes and values ​​of the subjects of the sample about the research objective: school inclusion of the disabled person, taking into account the juxtaposition of socio-demographic data research participants. At the end of the research it is expected to understand the conceptions of the school inclusion of the disabled person from the perspective of the interviewees and to understand how they can mediate the construction of proposals for improvements in this process.

Keywords: School inclusion. Conceptions. Deficiency. Family. Vocational Education.

Referências


ALMEIDA, M. A. Deficiência intelectual: realidade e ação. SEESP, Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado (CAPE). São Paulo, 2013.

ANJOS, H. P.; ANDRADE, E. P.; PEREIRA, M. R. A inclusão escolar do ponto de vista dos professores: o processo de constituição de um discurso. Revista Brasileira de Educação, v.14, n.40, p.116-129, 2009.

ÁVILA, C. F.; TACHIBANA, M.; VAISBERG, T. M. J. A. Qual é o lugar do aluno com deficiência? O imaginário coletivo de professores sobre a inclusão escolar. Paidéia, Ribeirão Preto, v.18, n.39, pp. 155-164, 2008.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Artigo 37, II. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/CF88cons.htm>, Acesso em 20 de abr. 17.

BRASIL. Decreto n° 5.154, de 23 de julho de 2004.  Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5154.htm. Acesso em: 15 jan. 2016.
______. Políticas Públicas para a educação Profissional e Tecnológica – MEC 2004. Disponível em:http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=22151-apresentacao-mec-setec-estadao-pdf&Itemid=30192. Acesso em 21 nov. 2017.
______. Lei 13005/2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 21 nov. 2017.

______. Lei nº 9.394/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm, Acesso em 20 de abr. 17.

______. Lei nº 11.892/2008. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11892.htm, Acesso em 03 de mai. 18.

______. Resolução CNE,\CEB Nº02, de 11 de setembro de 2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm, Acesso em 20 de abr. 18.

BUENO, J. G. S. Educação Especial Brasileira Integração/ Segregação do aluno Diferente. São Paulo: EDUC, 1993.

BUENO, J. G. S. As políticas de inclusão escolar: uma prerrogativa da educação especial? IN. Deficiência e escolarização: novas perspectivas de análise. p.43-63. 2008

CARLOU, A. Inclusão na educação profissional: visão dos gestores do IFRJ. 2014. 148 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: http://www.eduinclusivapesq-uerj.pro.br/images/pdf/dissertacao_carlouAmanda_2014.pdf, Acesso em 20 de abr. 18.

CORDEIRO, D. R. C. L.  A inclusão de pessoas com deficiência na rede regular de Educação Profissional – UNESP MARÍLIA. 2013 https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/91207/cordeiro_drcl_me_mar.pdf?sequence=1&isAllowed=y, Acesso em 20 de abr. 18.

CARVALHO, R. E. Educação Inclusiva com os Pingos nos Is. 11. ed., Porto Alegre: Mediação, 2016.

CORDEIRO, D. R. C. A inclusão de pessoas com deficiência na rede regular de educação profissional – UNESP 2013  - VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL. Londrina. 2013.

DEL PRETTE, Z.A.P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das relações interpessoais: Vivências para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes, 2001.

DE VITTA, F. C.; DE VITTA, A.; MONTEIRO, A. S. R. Percepção de professores de educação infantil sobre a inclusão da criança com deficiência. Revista Brasileira da educação Especial, v. 16, n. 3, set./ dez. 2010.

DINIZ, D.;  BARBOSA, L.; SANTOS, W. R. Deficiência, direitos humanos e justiça. São Paulo, Sur – Revista Internacional de Direitos Humanos, n. 11, p. 65-78. 2012.

FERNANDES, A. P. C. dos S. Estudos e observações sobre vivências docentes da Educação de Jovens e Adultos no processo de inclusão escolar. 2011. 145f. Dissertação (Mestrado em Educação). Centro de Ciências Sociais e da Educação, Universidade do Estado do Pará, Belém, 2011.

GODOY, H. P. Inclusão de alunos portadores de deficiência no ensino regular paulista: recomendações internacionais e normas oficiais. 1999.

GOFFMAN, E. Estigma: Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Livros Técnicos e Científicos Editora, 1988.

GLAT; MASCARO; ANTUNES; MARIN. Inclusão de pessoas com deficiência e outras necessidades especiais na escola e no trabalho. 2011

MANTOAN, M. T. E. O desafio das diferenças nas escolas. Petrópolis RJ: Vozes, 2011.

MANICA, L. E. A prática docente da educação profissional na perspectiva da inclusão. Revista Iberoamericana de Educación/ Revista Ibero-americana de Educação ISSN: 1681-5653 n.º 55/4 – 15/05/11 Organización de Estados Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI-CAEU)

MENDES, K. A. M. O. Educação especial inclusiva nos institutos federais de educação, ciência e tecnologia brasileiros. 2017
Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/8139/5/Tese%20-%20Katiuscia%20Aparecida%20Moreira%20de%20Oliveira%20Mendes%20-%202017.pdf, Acesso em 20 de abr. 18.

MOTTA, L. N. Caminhos para inclusão da pessoa com deficiência: estudo de caso no SENAC /RS, 2008.

MOURA, D. H. Educação básica e educação profissional e tecnológica: dualidade histórica e perspectivas de integração. 2007.

NASCIMENTO; FLORINDO; SILVA. Educação Profissional e tecnológica Inclusiva: um caminho em construção. Brasília. 2013.

NEVES, A. P. O aluno com necessidades educacionais especiais numa escola técnica: limitações, desafios e possibilidades. Brasília, 2011.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed., São Paulo: Atlas, 2007.

SANT’ANNA, I. M. Educação inclusiva: concepções de professores e diretores. Psicologia em estudo. Maringá, v. 10, n.2, p. 227-234, mai./ago. 2005.

SANTOS, R. A.; MENDONÇA, S. R. D.; OLIVEIRA, M. C. A instituição especializada em tempos de inclusão. Revista Educação Especial, v. 27, n. 48, p. 41-52, jan./abr. 2014.

SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4. ed., Florianópolis: UFSC, 2005.

SILVEIRA, F. F.; NEVES, M. M. B. J. Inclusão Escolar de Crianças com Deficiência Múltipla: Concepções de Pais e Professores. Psicologia: Teoria e Pesquisa v. 22 n.1, pp. 79-88, jan./abr. 2006,

SIMÕES, C. A. Juventude e Educação Técnica: a experiência na formação de
jovens trabalhadores da Escola Estadual Prof. Horácio Macedo/CEFET-RJ. Dissertação de
Mestrado. Niterói, UFF, 2007.

STAINBACK, S ; STAINBACK W. Um guia para educadores. Magda frança Lopes (trad.) Porto alegre: editora Artes Médicas Sul Ltda, 1999.
URTADO, R. A. Educação profissionalizante e inclusão social na ETEC São Mateus.
Revista Competitividade e Sustentabilidade – ComSus, Paraná, v. 3, n. 1, p. 28-39, Jan /Jun. 2016.


[1]             Comunicação Social – Publicidade e Propaganda – UNIVAP; Pós-graduação Latu Sensu - Gestão Pública Municipal – UTFPR; Mestrando em Educação – UNITAU. E-mail: srcampos.ifsp@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário